Nos relatos das cosmogonias tradicionais, o ar é reconhecido como um dos quatro elementos que fazem a ligação entre o céu e a terra, sendo ativo e associado ao masculino. Não diferente, o fogo também é visto como um elemento masculino e ativo, enquanto que a terra e a água são tidos como passivos e femininos.
O ar se associa ao vento e ao sopro, sendo símbolos de espiritualidade, purificação, respiração, sexualidade, mudança e liberdade.

Significado do Elemento Ar
Na simbologia alquímica, representa-se o ar por um triângulo que é orientado para cima e cortado por uma linha horizontal. Esse elemento, que é identificado pelos atributos de calor e umidade, simboliza o sopro que dá vida.

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Para algumas tribos indígenas americanas, os quatro elementos são vistos como as forças primordiais da criação, sendo o ar o que simboliza a própria vida.
Segundo São Martinho, o ar simboliza a vida invisível de forma sensível, funcionando como um motor universal e um purificador.
O vento, um dos manifestadores do ar, tem papel crucial na polinização anemofílica nas plantas, razão pela qual também simboliza sexualidade.
Nossa visão não capta o elemento ar, mas ele nos envolve constantemente. Nas tradições populares, ele é símbolo de mudança, sendo comum a expressão: “Que tal uma mudança de ares?” como sinônimo de buscar o bem-estar através da mudança de ambiente.

No esoterismo ismaelita, o ar serve como princípio da composição e da frutificação, posicionando-se entre o fogo e a água.
Simbolismo do Ar no Hinduísmo: A Divindade Vayu dos Ventos
O deus Vayu, uma das divindades primárias nos Vedas (escrituras sagradas hindus), representa elementos essenciais como o sopro vital, o vento, o ar, a respiração e a purificação.
Ele utiliza uma gazela como montaria, caracterizando-se pela rapidez, além de ser descrito como um guerreiro, um destruidor e detentor de poder heroico.

”Vayu montado em sua gazela”
Numa das narrativas, Vayu entra em competição com outras cinco divindades que controlam as funções vitais para definir qual delas é mais poderosa. Quando cada uma se retira do corpo do homem, ele continua vivendo, apesar de debilitado.
Já quando Vayu retira as demais divindades do corpo, ele demonstra ser o suporte essencial para a vida.
Deuses Gregos dos Ventos
Na mitologia grega, Éolo é o deus que guarda os ventos direcionais: Bóreas (norte), Euro (leste), Zéfiro (oeste) e Notos (sul), geralmente retratados como figuras humanas aladas com bochechas infladas pelo ar.
Éolo
Éolo é o símbolo de poder, velocidade e agilidade, mantendo os ventos sob controle numa gruta em sua ilha Eólia.

Bóreas
Bóreas, representando o vento frio do norte, possui uma disposição agressiva e traz o inverno. Zéfiro é conhecido por…
É o mensageiro da primavera, conhecido pelo vento mais suave e frutificante.
Notos traz consigo as tempestades típicas do final do verão e entardeceres do outono, acompanhado de nevoeiro e chuva. Euro, por sua vez, é aquele que traz calor e chuva provenientes do leste.

Na célebre obra do pintor Sandro Botticelli, ”O Nascimento de Vênus”, pode-se notar no lado esquerdo da pintura a presença de Zéfiro, o vento do oeste, e Aura, vista como a personificação da brisa suave, ambos atuando para empurrar a concha da deusa Vênus em direção à costa.
Simbologia do Ar na Mitologia Japonesa: Fujin
Fujin, o deus japonês dos ventos, é uma das divindades xintoístas mais antigas. No Japão, um país com um histórico de intensas tempestades e tufões, esse deus é tanto temido quanto respeitado.
No contexto japonês, não se distingue claramente entre deuses bons e maus; crê-se que as divindades possam realizar tanto boas ações quanto serem rebeldes.

”O Deus dos Ventos Fujin, século 17”
Representado como um humano de pele avermelhada, Fujin usa uma pele de leopardo e carrega nos ombros um grande saco de ventos.
Sua aparência desgrenhada é uma de suas características, e geralmente é visto ao lado de Rajin (Deus do raio, trovão e tempestade). Juntos, eles simbolizam a proteção e uma conexão com a natureza e o sagrado.
Simbolismo do Ar na Cultura Chinesa
Na tradição chinesa, um elemento central é o Qi (ou k’i), considerado uma força vital presente em todas as entidades vivas. Este conceito é traduzido por ‘’ar’’, ‘’força vital’’ ou ‘’fluxo de energia’’.
No contexto das práticas tradicionais, como a medicina e as artes marciais chinesas, o Qi é visto como energia essencial, que deve ser harmonizado para promover saúde e equilíbrio.
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