Pessoa com tatuagens tribais tradicionais em foto antiga, mostrando cultura e expressão artística.

Notícias

By Tatuagem Arte

Explorando a Arte da Tatuagem no Brasil: Uma Jornada do Pré-Colonial à Modernidade

🛈 Anúncio para você
Espalhe o amor

Desde os povos pré-coloniais até a chegada de Lucky Tattoo em 1959, a tatuagem no Brasil evoluiu de práticas tradicionais para uma forma de expressão artística moderna. Apesar de seu passado associado a marginais, hoje a tatuagem é celebrada como uma arte rica em história e cultura. Descubra mais sobre essa transformação em Tatuagem Arte.

 

Publicitário

No Brasil, a prática da tatuagem já existia entre povos que habitavam a região durante o período pré-colonial, como os Waujás, os Zorós e os Kadiwéus, por exemplo.
Além disso, havia as “marcas de nação”, utilizadas pelos africanos trazidos de diferentes regiões da África, que também serviam para marcar escravos durante o Brasil colônia, prolongando-se até o final do Império no século 19.

A chegada do dinamarquês Knud Harald Lykke Gregersen (mais tarde conhecido como Lucky Tattoo) em 1959, no Porto de Santos, marcou o início da era moderna das tatuagens por aqui.
Lucky trouxe a primeira máquina elétrica de tatuar, estabelecendo o começo da tatuagem profissional no Brasil e, segundo um artigo do jornal “O Globo” em 1975, foi considerado por muitos anos o único tatuador profissional na América Latina.
Na entrada de seu estúdio, havia uma plaquinha de madeira com a frase: “Is not a sailor if he hasn’t a tattoo” (não é um marinheiro se não tiver uma tattoo). Lucky também divulgava que suas tatuagens traziam sorte, atraindo marinheiros supersticiosos para seu ateliê, justificando assim o apelido que adotou como tatuador (Lucky = sortudo) aqui no Brasil.

Durante essa época, a tatuagem no Brasil estava altamente associada a marginais, sendo comum entre prostitutas, marinheiros e criminosos. Qualquer pessoa poderia ser abordada pela polícia ou até passar a noite na delegacia apenas por exibir uma tatuagem. Isso era possivelmente uma herança negativa das décadas anteriores, quando presos eram reconhecidos pelas tatuagens, que frequentemente tinham temas amorosos, familiares, religiosos, ou mesmo criminais, mostrando como um artigo do “Correio Paulistano” de 1927 relatou.

A arte de Lucky foi mencionada na música “Menino do Rio”, composta por Caetano Veloso e consagrada pela voz de Baby Consuelo (hoje Baby do Brasil) em 1980. A canção, homenagem ao surfista talentoso Petit da época, foi tema na novela “Água Viva” da Globo e teve o clipe lançado no programa Fantástico.
Petit, admirado pelos fãs e um ícone da geração saúde, ajudou a popularizar as tatuagens entre surfistas e jovens de classe média da época.

Nos anos 70, a arte da tatuagem não era tão disseminada, havendo no máximo 10 tatuadores em todo o Brasil. No final dessa década, a tatuagem se fortaleceu com a chegada do italiano Marco Leoni que fundou o estúdio Tattoo You na cidade de São Paulo em 1979, introduzindo novas técnicas e materiais que melhoraram bastante a qualidade das tatuagens.
O estúdio ainda está em operação sob nova administração, tendo passado por diversos tatuadores desde que Marco Leoni saiu do Brasil em 1992.

Nos anos 80, a tatuagem passou por um processo de refinamento, onde técnicas rudimentares lentamente deram lugar a métodos mais avançados, elevando assim a tatuagem a um nível superior e abrindo caminho para a expansão que viria nas décadas seguintes, com o aumento significativo no número de tatuadores.
Nomes importantes da tatuagem surgiram nessa fase, e estúdios mais organizados começaram a aparecer, deixando um legado para futuras gerações.

Em 1990, realizou-se a primeira convenção de tatuagem em São Paulo, organizada por Marco Leoni, dando início à divulgação mais ampla da arte em todo o Brasil. O evento ocorreu em uma antiga casa de shows na Barra Funda, um bairro da Zona Central de São Paulo, reunindo aproximadamente 50 participantes, incluindo convidados internacionais.
O evento também apresentou bandas do cenário underground nacional junto aos estandes.
Atualmente, eventos de convenções são extremamente frequentes em todo o país, com pelo menos uma realizada em cada estado brasileiro.

No início deste século, a tatuagem começou a ganhar maior aceitação, o que levou a uma significativa redução na discriminação, popularizando a arte em diferentes segmentos da sociedade brasileira.
No século 21, a tatuagem evoluiu de uma cultura underground para um lugar de destaque, com um número crescente tanto de tatuadores quanto de pessoas tatuadas. Estúdios cada vez mais luxuosos e tatuadores ganhando visibilidade nas mídias populares refletem essa transformação.

w9999 584

Referências:

•https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Kadiw%C3%A9u

•Uma História da Tatuagem no Brasil, (Silvana Jeha, 2019, Ed. Veneta);

•Teorias da Tatuagem, (Célia Maria Antonacci Ramos, 2001, Ed. UDESC);

•O Brasil tatuado e outros mundos, (Toni Marques, 1997, Ed. Rocco);

•Contribuição aos Estudos das Tatuagens Em Medicina Legal, (Francisco Alves Corrêa de Toledo, 1926, Ed. Estado de São Paulo);

•Doc Do Porto à pele: a história da tatuagem profissional no Brasil, (Thiago Ghizoni, 2016).

Saiba mais: Tatuagens de One Piece

Ver mais: Sonhar caindo

Explorar: Artistas de Tatuagem Goiânia


Espalhe o amor