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By Tatuagem Arte

Dia do Tatuador: Celebrando a Arte e a História do Primeiro Mestre das Tatuagens no Brasil

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Aqui no Brasil, o dia do tatuador é celebrado em 20 de Julho. O que poucos sabem é a ligação desta data com a chegada definitiva do primeiro tatuador ao país, o dinamarquês Lucky Tattoo.

O antigo Sindicato dos Tatuadores e Pierciers (SETAP-SP) definiu em 2007 que essa data homenagearia a chegada de Lucky ao Porto de Santos.
Já escrevi um pouco sobre ele em outro texto (você pode checar a matéria aqui), mas, aproveitando o ensejo, desejo compartilhar um pouco mais sobre a trajetória do pioneiro da tatuagem comercial no Brasil e na América Latina.

Vamos em frente?

Em 1928, em Copenhague, nasceu Knud Harald Lykke Gregersen. Conhecido como Lucky, ele aprendeu o ofício com seu pai, Jens Gregersen, um destacado tatuador dos anos 30 e 40, famoso por ter tatuado o Rei da Dinamarca, Frederick IX.

Como um verdadeiro marinheiro, passou anos navegando pelo mundo antes de chegar a Santos, em 20 de Julho de 1959, trazendo consigo equipamentos inovadores para sua época, como a primeira máquina de tatuar elétrica da América Latina.
Embora já tivesse estado no Brasil em outras viagens, foi nesse ano que decidiu se fixar na Rua João Otávio, perto do cais de Santos. Posteriormente, mudou-se para a Rua General Câmera, conhecida por sua boemia na região portuária, onde trabalhou por quase 20 anos e formou família, casando-se com uma brasileira e tendo um casal de filhos.

Numa época em que os marinheiros acreditavam em muitas superstições, Lucky soube aproveitar essa situação para promover seu trabalho, afirmando que suas tatuagens traziam sorte, algo reforçado pelo nome em inglês que adotou (lucky = sortudo).

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Lucky em Ação

Na entrada de seu estúdio, uma placa em inglês dizia: “você não é um marinheiro se não tiver uma tatuagem!”.
Essa mensagem encorajava mais marinheiros a buscar seu estúdio para conseguir uma tatuagem como lembrança.

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Nos anos 70, Lucky tornou-se bastante popular, sendo frequentemente mencionado na mídia como o único tatuador profissional da América Latina. Ele tatuou várias celebridades da época e teve seu trabalho mencionado na música “Menino do Rio” de Baby Consuelo, composta por Caetano Veloso em 1980. Além de tatuar, Lucky também se aventurava na pintura, retornando ocasionalmente à Dinamarca para vendê-las por um bom valor.

Após sofrer um assalto em seu estúdio em Santos, mudou-se para Itanhaém, no interior de São Paulo, onde trabalhou por alguns anos, antes de estabelecer residência em Arraial do Cabo, na região dos lagos do Rio de Janeiro, onde viveu seus últimos dias.

Em 17 de Dezembro de 1983, aos 55 anos, Lucky faleceu vitimado por um ataque cardíaco. Não poderia ser diferente, sua morte foi noticiada no dia seguinte pelo jornal “A Tribuna”, de Santos, numa homenagem póstuma ao primeiro tatuador profissional do Brasil.

Para quem tem interesse em conhecer mais sobre a história de Lucky e de outros personagens importantes da tatuagem no Brasil, o Museu da Tatuagem no Estúdio Polaco Tattoo, no Centro de São Paulo, exibe arquivos, fotos e objetos originais dessa história.

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A máquina original do pai de Lucky.

Referências:

Uma História da Tatuagem no Brasil (Silvana Jeha,  2019, Ed. Veneta);

Do Porto à pele: a história da tatuagem profissional no Brasil (Thiago Ghizoni, 2016);

Memória Santista, Caderno Especial, 05 fev. 2016;

O Brasil tatuado e outros mundos (Toni Marques, 1997, Ed. Rocco);

A Tribuna (Santos), 18 dez. 1983;

Diário da Noite, pg. 11, 14 fev. 1972;

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Revista Realidade, n.30, set. 1968.


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