Gabi Bessa, uma talentosa artista de São Paulo, trocou a medicina pela tatuagem e transformou sua paixão em uma carreira vibrante. Inspirada por mestres como Picasso e Jun Matsui, ela vê cada tatuagem como uma conexão ancestral e uma forma de expressão pessoal. Descubra mais sobre o mundo fascinante das tatuagens em Tatuagem Arte.
Nas semanas recentes, temos tido a alegria de conversar sobre tatuadoras incríveis e suas criações. Muitas outras ainda virão: artistas mulheres que compartilharam suas histórias conosco. O que mais apreciamos é compreender as trajetórias e caminhos que cada uma percorreu até o momento atual. Seus desenhos e traços são transportadores de suas histórias pessoais.
Gabi Bessa, uma artista oriunda de São Paulo, tatua há 4 anos. A decisão pela tatuagem não foi imediata: “as pessoas costumam se surpreender quando descobrem que deixei a faculdade de medicina no 4º ano para virar tatuadora. Sempre sonhei em ser médica.”
Gabi revelou que, já sendo artista plástica, foi surpreendida ao receber uma máquina de tatuar do marido: “essa foi uma maneira dele me reconquistar — estávamos separados naquele momento. Achei interessante, sempre gostei de tatuagens e toda a minha família também. Então comecei tatuando a sola dos pés de algumas amigas para experimentar a máquina e divulgar no meu Instagram de arte com a oferta de tatuagens gratuitas. Assim, várias pessoas começaram a aparecer, até que a tatuagem dominou minha vida.” E dominou mesmo! Que sorte a nossa!
Admiradora de Picasso e do tatuador Jun Matsui, Gabi Bessa diz que criar arte nas pessoas a conecta com um espírito ancestral e tribal de marcar o corpo para distinguir-se dos demais e declarar sua crença ou status social.
“A minha arte no corpo das mulheres busca sempre embelezar e harmonizar os contornos delas. Meu estilo de tatuagem é definido como Tatuagem Artística Ornamental. Trabalho exclusivamente com Blackwork (linhas e preenchimento em preto).”
Em nosso diálogo com a artista, percebemos onde medicina e arte se entrelaçam para ela: Gabi expressa sua paixão ao traduzir artisticamente o corpo humano. “Prefiro criar arte abstrata ornamental, diretamente sobre o corpo das mulheres, dialogando com sua própria anatomia.”
Tatuando exclusivamente mulheres, preconceitos existentes e… os homens.
“A natureza do meu trabalho e da minha arte, de forma natural, acabou me levando ao universo feminino, apenas pela própria característica do traço. Antes de me tornar tatuadora, eu já era uma artista plástica e retratava mulheres-caveiras nuas, trazendo referências dos meus estudos de anatomia, que já indicavam o estilo de tatuagem que faço hoje. Sempre fui fascinada pela beleza e leveza do feminino, cresci vendo minha mãe esculpir e pintar torsos femininos, acreditoque isso também tenha me impactado consideravelmente.”
Questionamos Gabi sobre possíveis resistências na profissão de tatuadora. Ela mencionou: “nunca experimentei qualquer tipo de preconceito significativo, sempre ocorreu tudo de forma muito tranquila. Acredito que, conforme nos posicionamos dentro de um meio específico e quando se faz algo com paixão e convicção, as pessoas acabam respeitando isso.”
A artista também compartilhou conosco que a maioria de seu público, predominantemente feminino, compreende, aprecia e apoia sua decisão. “Sempre faço uma comparação com estilistas: alguns preferem criar roupas para mulheres, outros para homens. Trata-se de preferência e afinidade; eu, por exemplo, adoro criar tatuagens para adornar o corpo feminino. É simples assim.”
Marcando e Sendo Marcada
Compreendemos que cada artista, ou tatuador, inevitavelmente transmite um pedaço de sua história e experiências para aqueles que tatua. E, da mesma forma, o tatuado também imprime marcas no artista. Podem ser desenhos, significados, histórias. Gabi Bessa nos relatou que a tatuagem mais memorável que fez foi em uma japonesa, sendo a primeira dessa cliente.
“Achei especial tatuar uma mulher que foi mãe ainda na adolescência, integrante de uma família japonesa tradiocionalmente rígida e que superou várias dificuldades de maneira suave e, ao mesmo tempo, poderosa. Ela escolheu tatuar uma homenagem ao seu filho, fazendo sua primeira tatuagem em uma sessão que foi especial. Adorei conhecê-la e ter a chance de deixar um pouco dessa história gravada em seu corpo, além de aprender mais sobre a cultura japonesa, que sempre me fascinou.”
Aqui nos pegamos refletindo sobre todas as experiências que trocamos pelo mundo e o tanto que aprendemos. Obrigada, Gabi, por compartilhar um pouco de sua vivência conosco.
Para descobrir mais sobre BLACKWORK, fique atento:
Fineline, Aquarela e Blackwork: a linha tênue entre tatuagem e obra de arte
Técnicas e conceitos de traços e preenchimentos.
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